Na corrida
eleitoral ao Governo do Estado e à Presidência
da República, a Saúde é um tema-chave,
que figura no topo da pauta dos candidatos e que determina
o voto de muitos eleitores. É comum, entretanto, o eleitor
se alarmar com o caos do sistema de saúde pública
- com unidades abarrotadas, falta de profissionais e, em muitos
casos, um atendimento que deixa a desejar -, sem se ater à crise
financeira que assola os hospitais particulares, que atendem
planos de saúde e o SUS. O elo entre os dois sistemas
não deve ser ignorado. A problemática do setor
não pode ser atacada em uma única frente.
Pela constituição, a saúde é direito
de todos e dever do Estado. Mas quando um paciente não
consegue atendimento na rede pública, o socorro vem dos
estabelecimentos privados, que recebem – muitas vezes por
força de liminar - um número cada vez maior de
pacientes desassistidos e carentes de procedimentos de alta complexidade.
Os valores gastos, porém, não estão sendo
ressarcidos nem pelo Estado e nem pelo Município.
Estamos todos no CTI. De um lado, a crise nas unidades públicas.
Do outro, a judicialização crescente e os altos
custos imputados aos hospitais privados. Os estabelecimentos
particulares não podem ser a tábua de salvação
na atribuição que é, legalmente, do poder
público. Hoje, podemos afirmar que os hospitais privados
são responsáveis pelo atendimento de 70% da população
do Rio.
O cenário é preocupante. Trabalhando em sua capacidade
máxima, sem linhas de crédito e incentivos fiscais,
tendo que investir em tecnologia, manutenção e
honrando suas folhas de pagamento, muitos hospitais privados
estão no vermelho, reduzem leitos e até mesmo fecham
as portas. Nos últimos cinco anos, 286 encerraram as atividades.
Outra questão merece reflexão: levantamento da
Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp)
aponta que o número de pessoas com plano de saúde
tende a aumentar 2,1% ao ano. Isso implica na necessidade de
mais 13,7 mil novos leitos até 2016. A conta não
fecha.
Voltando às eleições, chama a atenção
um candidato ao Governo do Estado que propõe investir
em unidades públicas de urgência e emergência
já existentes, que estão agonizando a olhos vistos.
Não precisamos de promessas demagógicas de investimentos
em novas unidades, precisamos de uma força-tarefa e de
uma injeção financeira nos hospitais já existentes,
com a abertura de mais leitos de terapia intensiva, além
de uma auditoria séria e permanente.
No âmbito federal, para reverter o quadro que se criou, é urgente
a redução da carga tributária para a rede
hospitalar, linhas de financiamento e outros incentivos fiscais,
que são garantidos a vários segmentos da Economia.
O Governo Federal desonerou 57 segmentos, como o da cultura,
indústria alimentícia, hotelaria, automotivo, aviação
e portos, sem se preocupar com o setor que é vital à população:
a saúde.
*Armando Carvalho Amaral é presidente da Federação
dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde
do Estado do Rio (Feherj)