É de
se comemorar que a presidente Dilma tenha sancionado o artigo
143 da Medida Provisória 656/2014, que autoriza a entrada
de capital estrangeiro em hospitais no país. A legislação
anterior gerava uma distorção que só prejudicava
a população. Permitia, por exemplo, investimentos
estrangeiros em planos de saúde, porém impedia
o mesmo em hospitais. E como se pode proibir a entrada de recursos
em um país que sofre com déficit de leitos hospitalares?
Enquanto
a Organização Mundial de Saúde
(OMS) aconselha a oferta de três a cinco leitos por cada
mil habitantes, no Brasil, a média cai para 2,4. O cenário
está longe de ser o ideal, ainda mais se compararmos com
países desenvolvidos como a Alemanha (8,17) e Japão
(13,7), que superam em muito a média estabelecida pela
OMS.
Sem novas
fontes de investimento dificilmente a rede privada hospitalar
teria condições de expandir sua estrutura
de acordo com a necessidade da população. Pesquisas
apontam que o número de beneficiários de assistência
médica com cobertura hospitalar teve um incremento de
34,6% entre 2005 e 2012, porém a quantidade de leitos
para internação e exames complementares disponíveis
para usuários de planos de saúde avançou
somente 21,7% no mesmo período. E é essa carência
que o capital estrangeiro ajudará a minimizar.
O que muitas
pessoas ignoram é que a saúde apresenta
um alto custo decorrente das elevadas cargas tributárias
e inflação dos gastos assistenciais. Hospitais
lidam, por exemplo, com o aumento de preços de materiais
que, nos últimos anos, chegou ao triplo da inflação
oficial do país. Soma-se a isso o fato de que, apesar
da saúde ser um direito fundamental do cidadão
e obrigação do Estado, esferas municipal, estadual
e federal optam em tributar excessivamente todas as atividades
ligadas ao setor.
Agora, após a sanção, temos novas e positivas
perspectivas. A compra da Amil, em 2013, pela United Health Group,
uma gigante da saúde privada nos Estados Unidos, mostra
como o mercado brasileiro é atrativo para o capital estrangeiro.
E mais investimentos não significam apenas mais leitos,
mas também podem representar a expansão de toda
infraestrutura hospitalar. Podem se traduzir, por exemplo, na
renovação do parque tecnológico de hospitais,
o que permitirá procedimentos e cirurgias mais seguros.
De uma forma
geral, 2015 começou sem muito otimismo em
relação à economia e ao crescimento do país.
Mesmo executivos de grandes empresas preveem um ano de dificuldades.
Para gestores de hospitais privados, essa expectativa ainda foi
reforçada quando o ministro da Fazenda anunciou que dificilmente
setores seriam beneficiados com renúncia fiscal. Felizmente,
o artigo 143 da Medida Provisória 656/2014 veio para abrir
novos horizontes para a saúde no Brasil.
*Armando
Carvalho Amaral tomou posse da presidência da
Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços
de Saúde do Rio de Janeiro (Feherj) nesta última
quinta (05/2). Amaral ficará à frente da Federação
pelo próximo triênio (2015-2018)