A ascendência de milhões de brasileiros à classe
média trouxe um desafio para a saúde privada: atender
o crescimento da demanda, mas sem perder em qualidade de atendimento.
Entretanto, a solução dessa equação
passa, necessariamente, pela redução da carga tributária.
Os altos impostos que o país paga afetam a capacidade
de investimentos, que, no caso da saúde, significa dificuldade
para expansão do número de leitos, impossibilidade
de preços mais acessíveis e limitação
na aquisição de novas tecnologias.
Por mais que se saiba que há necessidade de mais recursos
no setor, há uma sopa de letras - PIS, COFINS, ICMS e
ISS – que provoca um estrago significativo ao incidir sobre
os produtos, mercadorias e serviços destinados à saúde
da população. Taxações estas que
a cada garfada das esferas municipal, estadual e federal afastam
as chances de investimentos maiores e constantes. Mesmo assim,
o setor privado tem um aporte de recursos maior que o público,
respondendo por 57% dos investimentos em saúde, segundo
dados da Confederação Nacional de Saúde.
O que nossos governantes deveriam avaliar é o quanto mais
poderia ser feito se houvesse redução na carga
tributária.
Não pode ser considerado aceitável que medicamentos
em geral, bolsas térmicas e o termômetro tenham
os impostos respondendo por 34%, 37% e 39% de seus preços,
respectivamente. Em média 1/3 do valor pago por qualquer
serviço ou produto de saúde é de impostos.
São números assim que fazem com que nos Estados
Unidos, Canadá, Japão e países da União
Europeia, por exemplo, a tributação sobre os insumos
da saúde seja equivalente a menos da metade da tributação
brasileira. Mesmo países emergentes, como México, Índia,
China, Chile e Coréia do Sul, têm tributação
muito inferior à nossa.
Somente através dos planos de saúde são
mais de 50 milhões de pessoas que buscam na rede privada
qualidade e serviços que não enxergam que a pública
possa oferecer. Para candidatos à presidência e
governos estaduais, além dos atuais prefeitos, esse dado é uma
comprovação de que não se pode pensar a
saúde sem inserir a iniciativa privada no planejamento.
E uma agenda positiva para o segmento deve incluir a redução
de impostos, como o das contribuições ao PIS e à COFINS.
Na esfera estadual, o ICMS é um dos principais vilões,
pois está embutido no preço da energia elétrica
e dos diversos materiais utilizados nos hospitais.
Infelizmente, existe no Brasil uma aversão ao lucro, há uma
ideia disseminada de que empresas e principalmente as da área
da saúde não podem obter lucro. Porém, sem
este não há como investir na estrutura oferecida
ou na remuneração dos funcionários. É o
saldo positivo que permite planejar mais investimentos que geram
mais oportunidades de trabalho e mantém a economia aquecida.
Mas se nossos atuais e futuros governantes não revisarem
o impacto dos impostos na saúde, nosso horizonte permanecerá limitado
por mais alguns anos. E será a população
a mais afetada.
*Presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos
de Serviços de Saúde do Rio de Janeiro